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“E a palavra do Senhor veio a mim: ‘O que você vê, Jeremias?’ ‘Vejo o ramo de uma amendoeira’, respondi. O SENHOR me disse: ‘Você viu bem’” - Jr 1:11-12a
“‘Senhor, eu quero ver’, respondeu ele” - Lc 18:41
“Certo dia Pedro e João estavam subindo ao templo na hora da oração, às três horas da tarde. Estava sendo levado para a porta do templo chamada Formosa um aleijado de nascença, que ali era colocado todos os dias para pedir esmolas aos que entravam no templo. Vendo que Pedro e João iam entrar no pátio do templo, pediu-lhes esmola. Pedro e João olharam bem para ele e, então, Pedro disse: ‘Olhe para nós!’” - At 3:1-4
Certa feita eu li que “de tanto a gente olhar, a gente banaliza o olhar e acaba não vendo”. E é a pura verdade. Como tenho dificuldade de achar alguma coisa na cozinha, apesar de enxergar cada gaveta. Minha esposa chega, e logo acha. Qual a diferença? É que eu enxergo e ela vê. Mais dramático ainda, é que há profissionais com quem “convivemos” diariamente e que não os vemos e, às vezes, nem os enxergamos. É o caso do padeiro. Admiramos o pão, saboreamos com uma boa manteiga e um café com leite, mas não nos damos conta de qual é o nome do padeiro, e nunca o cumprimentamos pessoalmente para o parabenizarmos. Só perceberemos o padeiro quando ele faltar ao serviço. Que triste realidade.
Para o cientista Masataka Watanabe, ver e enxergar são realmente ações muito diferentes. Para ele, ver é enxergar com profundidade, analisando mais de perto. Enxergar é olhar sem avaliar. Portanto, deveríamos estar mais atentos, e olhar com mais atenção, prestando atenção, admirando os detalhes naquilo que enxergamos, somente assim, passaríamos para o grau de ver. Prestar atenção da mesma maneira quando somos turistas. Turista fotografa tudo, admira com olhar atento a tudo. Faz assim, porque é sua primeira vez. E sabe que poderá ser a última. Então enxerga, observa e vê. Quase nada passa despercebido pelo olhar curioso. Mas no dia a dia, as coisas caem na rotina, passam despercebidas. Faça um exercício, e tente retratar o que você “viu” no seu trajeto hoje de casa até o trabalho. Nem nos lembramos. Ficamos, de certa maneira, cegos para a viagem. Triste isso. O mau hábito embaça os olhos!
E quando isso atinge o olhar para a família? Estamos apenas enxergando a esposa e os filhos, ou os estamos vendo? É necessário ver. Antoine de Saint Exupéry, autor do clássico O Pequeno Príncipe, afirma que “só se vê bem com os olhos do coração”. Como você vê sua família? E como você vê sua igreja? Consegue ver graça de Deus e milagres acontecendo? Vê o irmão como próximo, como mais um, ou nem o vê?
A visão é sempre seletiva, na verdade, enxergamos aquilo que queremos!