O termo itinerante é geralmente usado para se referir a atividades que exigem um frequente deslocamento. Para nós, wesleyanos, o termo tem um sentido diferente. O ministério exercido na Igreja Metodista Wesleyana é itinerante porque os seus obreiros são sujeitos à nomeação. É importante dizer que ao longo dos anos as denominações de origem wesleyana tem se esmerado por ajustar a prática da itinerancia à realidade dos novos tempos. Além disso, é igualmente importante afirmar que, para nós, a itinerância não é um fim em si mesma, mas sim um meio que sugere ao obreiro submissão e desapego à ideia de ter a igreja como propriedade sua. Além disso, a itinerância proporciona a oportunidade de mudança legítima e oferece alternativa aos vários estilos ministeriais e as comunidades locais definidas por suas características próprias. Uma das causas por que o metodismo se espalhou por toda Inglaterra e por diversos países em tão pouco tempo foi, sem dúvida, o espírito itinerante de seus ministros.
Diferente do que ocorre com o evangelista itinerante, a itinerância pastoral requer tempo. Este tempo é definido por uma série de fatores dentre os quais destacamos: 1. A direção do Espírito Santo tal como ocorreu na igreja de Antioquia que culminou com decisão de seus líderes em nomear Paulo e Silas para o Campo Missionário (Atos 13.1-3). 2. A necessidade da obra, como ocorreu com Timóteo e Epafrodito, os quais, por isso, foram enviados por Paulo à igreja em Filipos (Fp 2.19-29). 3. O desgaste no relacionamento entre o obreiro e a igreja (Amós 3.3). Assim, à luz da Bíblia, podemos reconhecer que Deus sugere mudança, itinerância de forma legítima, em resposta às situações que revelam a fraqueza e a limitação humana. No sistema itinerante destaca-se a potencialidade ministerial, pois a igreja local pode ser servida por um número maior de obreiros que, por alternância, compartilham de suas experiências, conhecimento e dons para o crescimento e desenvolvimento da igreja local, como ocorreu na igreja de Corinto pastoreada por Paulo, Apolo, Timóteo, Tito, dentre outros (I Co 3.6).
Num tempo em que se fala em mega igrejas, impérios eclesiásticos e independência ministerial como sinal de prosperidade e sucesso no ministério, a itinerância parece não fazer sentido. No entanto, devemos frisar que, sustentada pelo governo episcopal, a itinerância oferece tanto aos obreiros quanto às igrejas a tão necessária cobertura espiritual e especificamente aos obreiros o pastoreio de pastores. Para nós wesleyanos, a itinerância é um tema sério e altamente espiritual que implica em dependência e, ao mesmo tempo, em sensibilidade no que tange ao direcionamento dado pelo Espirito de Deus à sua Igreja. Além disso exige altruísmo, humildade e espírito de cooperação dos que são movidos por ela. Afinal o exercício da itinerância nos ensina que a obra de Deus é feita por bem mais que um par de mãos.
A Deus toda glória!
Bispo Roberto Amaral é superintendente da 6ª Região Eclesiástica