Foto: Tiago Queiroz/Agência Estado
( Parte 2 )
No mês passado o artigo apresentou que as tempestades da vida são inesperadas, perigosas, incontroláveis e surpreendentes.
Terminamos dizendo que este mês falaríamos sobre as perguntas feitas nas tempestades.
Mestre, não te importa que pereçamos? (4.38)
Essa pergunta nasceu do ventre de uma grande crise. Seu parto se deu num berço de muito sofrimento. Os discípulos estavam vendo a carranca da morte. O mar embravecido parecia sepultar suas últimas esperanças.
Depois de esgotados todos os esforços e baldados todos os expedientes humanos, eles clamaram a Jesus: “Mestre, não te importa que pereçamos”.
Essa pergunta em forma de grito, evidencia 02 coisas:
a) O medo gerado pela tempestade. A tempestade provoca medo em nós, porque ela é maior do que nós. Em tempos de doença, perigo de morte, desastres naturais, catástrofes, terremotos, guerras, comoção social, tragédias humanas, explode do nosso peito este mesmo grito de medo e dor: “Mestre, não te importa que pereçamos?” (Mc 4:38). Mateus registra: “Senhor, salva-nos! Perecemos!”. Lucas diz: “Mestre estamos perecendo!”. Essas palavras expressaram mais uma crítica do que um pedido de ajuda. Às vezes é mais fácil reclamar de Deus do que depositar nossa ansiedade aos seus pés e descansar na sua providência. Quantas vezes, nas tempestades avassaladoras da vida também encharcamos a nossa alma de medo. Os problemas se agigantam, o mar se revolta, as ondas se encapelam e o vento nos açoita com enorme rigor.
b) Alguma fé, mas uma fé deficiente. Se os discípulos estivessem completamente sem fé, eles não teriam apelado a Jesus. Eles não o teriam chamado de Mestre. Eles não teriam pedido a ele para salvá-los. Naquela noite escura, de mar revolto, de ondas assombrosas que chicoteavam o barco e ameaçava engoli-los, reluz um lampejo de fé. Quantas vezes, nessas horas também nos voltamos para Deus em forte clamor. Quantas vezes há urgência na nossa voz. Na hora da tempestade, quando os nossos recursos se esgotam, a nossa força se esvai precisamos clamar ao Senhor. Quando as coisas fogem do nosso controle, continuam ainda sob o total controle de Jesus. Para ele não há causa perdida. Ele é o Deus dos impossíveis.
Se os discípulos tivessem uma fé madura, eles não teriam se entregue ao pânico e ao desespero. A causa do desespero não era a tempestade, mas a falta de fé. O perigo maior que enfrentavam não era a fúria do vento ao redor deles, mas a incredulidade dentro deles. Havia deficiência de fé no conhecimento deles. Mesmo dormindo Jesus sabia da tempestade e das necessidades deles. Havia deficiência de fé na convicção do cuidado de Cristo. Jesus já havia provado para eles que ele se importava com eles.
Um dos sentimentos que nos assaltam na hora da tempestade é que Deus não se importa conosco. Somos apressados em concluir que ele está indiferente à nossa dor. Mas quando julgamos que ele está longe ou indiferente, ele sabe o que está fazendo. Não há Deus como o nosso que trabalha para aqueles que nele esperam. Ele trabalha no turno da noite preparando algo melhor e maior para a nossa vida. Quando ele permite a tempestade é porque está desejoso de nos ensinar profundas lições de vida.
Por que sois assim tímidos? Por que não tendes fé? (4.40)
Os discípulos falharam no teste prático e revelaram medo e não fé. Onde o medo prevalece, a fé desaparece. Ficamos com medo porque duvidamos que Deus esteja no controle. Enchemos nossa alma de pavor porque pensamos que as coisas estão fora de controle. Desesperamo-nos porque julgamos que estamos abandonados à nossa própria sorte. A palavra grega para medo deiloi significa “medo covarde”. Os discípulos estavam agindo covardemente, quando na verdade poderiam ter agido com plena confiança em Jesus.
Aqueles discípulos deviam ter fé e não medo, por quatro razões:
Razões essas que serão apresentadas no próximo mês.