Bispo José Damião | Jesus, o mestre por excelência


Para se ter uma compreensão melhor de Jesus como Mestre por excelência, é necessário ser transportado para Oriente com a mentalidade de dois mil anos atrás. Como eram os mestres em Israel? Eram estudiosos da Lei; homens sábios que transmitiam um estilo de vida, que eles mesmos experimentavam. Não se tratava de professores que repetiam lições aprendidas ou transmitiam o fruto de suas investigações, eram leigos competentes que ensinavam aos demais como conhecer e fazer a vontade de Deus. O mestre era mais importante do que os próprios pais. Para um judeu, era mais fundamental saber viver que viver e, portanto, o mestre tinha prioridades sobre o próprio pai. Hillel e Shamái não contavam com uma academia ou um instituto, mas transmitiam apenas o seu estilo de vida. Sua autoridade não se baseava em títulos ou estudos, mas na vida que levavam. Era o que chamava a atenção e atraía os outros a seguir e imitá-los. O exemplo era mais eloquente que suas palavras. O discípulo teria que conviver com seu mestre e observá-lo para aprender a viver.

Quando Jesus apareceu no cenário religioso do seu tempo, para muitos era apenas mais um mestre de Israel. Alguém que vem ensinar a viver. Por isso ele aceita ser chamado de Rabi e se deixa ser cercado por alguns seguidores para ensiná-los a viver como ele vive. Nos Evangelhos aparece 48 vezes a palavra mestre (didáscalos) e 15 vezes a palavra Rabi. Mestre é um dos poucos títulos que Jesus atribui a si mesmo. (Jo 13.13)

Jesus se distingue dos outros mestres de Israel pelo menos em cinco pontos:

1) Naquele tempo o discípulo tinha o direito de escolher o mestre que melhor lhe conviesse. No caso de Jesus, não era assim. Ele mesmo é que escolhe pessoalmente a cada um dos seus seguidores. (João 15.16)

2) Para os mestres em Israel o discipulado era feito em um período temporário. Os discípulos de Jesus o seguem por toda a vida e não lhes é permitido voltar atrás. (Lc 9.62) 

3) Os mestres em Israel tinham seus discípulos como verdadeiros escravos que serviam ao seu senhor. Já os discípulos de Jesus são considerados não como escravos, mas amigos. (Lc 15.15)

4) Para os mestres em Israel as crianças e as mulheres não eram consideradas aptas para o discipulado. Jesus pede que as crianças se aproximem dele. (Mc 10.14). Um grupo de mulheres seguia Jesus para aprender a viver a vida do Mestre. (Lc 8.3)

5) Os discípulos dos mestres em Israel gozavam de fama e autoridade diante do povo. Aquele que fosse instruído aos pés de Gamaliel, tinha motivo para se orgulhar, seu currículo teológico era respeitado. Os discípulos de Jesus só têm problemas, perseguições e calúnias. (Mt 5.11)

Os discípulos de Jesus: A meta de todo discípulo é chegar a ser como seu mestre: “Basta o discípulo ser como seu mestre”. (Mt 10.25) O discípulo é como seu mestre: buscava viver os mesmos valores vividos por seu mestre seja na vida moral, trabalhista, familiar, religiosa, econômica, social e política.

O discípulo era chamado para um objetivo claro e determinado: para que estivessem com ele. Para enviá-los a pregar com poder de expulsar demônios e curar os enfermos.

Aqui está o desenho da vocação e missão.

• A vocação é estar com o Mestre, acompanhá-lo, viver com ele.

• A missão é consequência – evangelizar e expulsar as forças do mal.

A condição indispensável para chegar a ser apóstolo é ser, antes, discípulo. Jesus não pediu títulos acadêmicos nem certificado de boa conduta. Para muitos desta nova geração interessa mais o ministério, função na igreja do que a relação com o mestre. Por isso que existem muitos “apóstolos” que nunca antes foram discípulos de Jesus. O plano de Jesus é para ser apóstolo (enviado) é necessário antes ter sido discípulo (chamado).

 

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