Novos empreendedores surgem durante isolamento social  
Jovens contam como conseguem se estabilizar durante a pandemia  
Irislayne Tavares
29 de Junho de 2020

João Vitor com seu primeiro hambúrguer artesanal


A pandemia obrigou grande parte dos brasileiros a se reinventar para conseguir uma renda extra — ou até mesmo a única renda na casa. Atualmente, a internet é uma grande aliada dos jovens quando o assunto é empreender. Sendo assim, novos empreendedores começaram a surgir nessa fase tão difícil que a humanidade enfrenta.  

Ao contrário da crise de 2008, quando a economia brasileira estava crescendo, a crise causada pelo novo coronavírus atingiu o Brasil em um momento de enorme fragilidade, fazendo retornar o crescimento da informalidade. De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, divulgada em fevereiro de 2020 pelo IBGE, em 11 estados do Brasil, a informalidade alcança mais de 50% da população ativa. Vale lembrar que o isolamento social no Brasil causado pela pandemia começou em março. 

A Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas, junto com o Serasa, em 2017, constatou através de uma pesquisa que a internet supera shoppings como opção de compras para o Natal, e o relatório anual da NuvemCommerce apontou um ano depois que 21% dessas vendas aconteceram através de redes sociais, como o Instagram e o Facebook.  

Por isso, o portal Voz Wesleyana conversou com três jovens empreendedores, que tem entre 19 e 21 anos. Eles começaram a empreender seus negócios depois das medidas de isolamento social. Como quase todos os brasileiros, os entrevistados foram muito prejudicados com o início da pandemia, já que eles não tinham nenhuma renda fixa, e acabaram encontrando na internet um meio para começar a trabalhar.  

Eduarda Moreira, de 19 anos, começou a fazer miçangas antes das medidas de distanciamento, mas por não ter um celular adequado para trabalhar com a internet decidiu esperar, e optou por não divulgar seu trabalho nas redes socias. Entretanto, com a chegada da pandemia no país, ela se viu sem dinheiro e percebeu que estava na hora de começar. “Decidi divulgar minha loja na pandemia, porque eu não tinha dinheiro e estava precisando comprar algumas coisas pessoais. Hoje, minha maior dificuldade é não poder sair pra comprar mais material para fazer novos produtos, mas também tem outras dificuldades, como não poder entregar em outros bairros, já que eu não posso pegar transporte público.”  

Para Anndriely Teixeira, 21anos, a maior dificuldade também é em relação à compra de novos produtos. “Os preços estão um absurdo.” Anndriely faz doces pra vender com o namorado. “Foi uma novidade na região e no início bombou, mas com a pandemia e desemprego, às vezes as vendas não são tão boas.”  

Em relação ao incentivo para trabalhar com rede social e com delivery, João Vitor Pereira, 19 anos, que usa o Instagram e o WhatsApp para divulgar seus hambúrgueres artesanais, contou que ao finalizar o curso gastronômico, já pensava em trabalhar dessa forma, “porque é muito difícil pra uma pessoa que está começando agora abrir uma loja”. Ele repete que para uma pessoa nova no mercado e com pouco capital, a internet é a melhor opção. “Coloquei na ponta do lápis e preferi fazer de forma delivery.”  

Sobre o investimento, João diz que começar com uma loja virtual sai mais em conta do que alugar ou comprar um ‘espaço físico.’ “Acho mais fácil começar sem o espaço físico, visto que pela internet é muito mais fácil, porque através das redes sociais não se tem um aluguel para pagar e nem uma luz muito cara. Quem tá começando com pouco (dinheiro), é melhor se estruturar primeiro. Eu penso em montar uma loja depois, ter uma loja é legal, já que quem passa na rua vê e acaba fixando a marca no mercado.”  

Segundo uma pesquisa realizada pela Square, 75% dos clientes dizem que as fotos dos produtos são muito influentes para a tomada de decisão para a compra. Fotos com boa qualidade e uma boa iluminação ganham fácil os consumidores.   

“Não invisto em fotos, mas eu acho que a foto e a iluminação ajudam muito, as fotos que eu tiro para a loja são pelo meu celular, e o fundo que eu uso são as minhas próprias roupas e as plantas que a minha mãe tem em casa.” contou Eduarda Moreira, empreendedora de miçangas.  

Anndriely Teixeira também não investe em fotos, mas contou as técnicas que usa para conseguir clientes pelas fotos dos doces dela. “É meio que improvisado. Meu celular ajuda bastante, a iluminação é o principal, se eu não conseguir usar a luz do sol, uso uma luminária ou Ring Light. Eu me importo muito com o fundo da foto, usando uma parede neutra ou o modo retrato do celular, e edito as fotos com efeitos deixando-as bem melhores.” 

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