Agorafobia: o pânico de sair de casa na pós-pandemia  
Especialista fala sobre fobia que pode ser agravada pelo isolamento  
Irislayne Tavares
18 de Junho de 2020

Foto: Perayot/Shutterstock

No livro O Segredo Para Vencer o Medo, a psicóloga Adriana Araújo afirma que para viver sem medo, é necessário aprender a ter harmonia entre as técnicas de dissociação e formas de viver bem. Entretanto, a fobia é um medo persistente e irracional de um determinado objeto, animal, atividade ou situação que represente pouco ou nenhum perigo real, mas que, mesmo assim, provoca ansiedade extrema.  

Em tempos de pandemia, uma fobia específica pode começar a se tornar comum: a agorafobia, medo de lugares e situações que possam gerar crises de pânico — lugares públicos comuns, como o transporte público ou lojas. Em outras palavras, a fobia se manifesta em situações em que a pessoa se sinta presa, desprotegida ou intimidada. O Voz Wesleyana conversou com a Drª. Sueli Fernandes para entender mais sobre como esse sentimento funciona em nossa mente.  

Drª Sueli explicou que temos de entender que o ser humano é um ser emocional, ou seja, que tem sentimentos. “Antes de tudo, é preciso entender que fomos criados por Deus como seres emocionais. Somos capazes de sentir muitas emoções, tais como amor, ódio, tristeza, alegria, irritação, angústia, coragem e medo, dentre outras. É importante, sobretudo, manter nosso emocional equilibrado.” 

Confira o restante da entrevista feita com a psicóloga: 

1. O que é uma fobia?  

A fobia é um medo patológico intenso e irracional, classificada dentro dos transtornos de ansiedade. Os mais comuns são pânico, ansiedade generalizada, estresse agudo e estresse pós-traumático. As fobias podem ser sociais ou específicas. Ela é capaz de desorganizar a vida de uma pessoa considerada normal, e as pessoas acometidas com esses transtornos sentem uma apreensão esmagadora, um sentimento de morte iminente capaz de paralisá-las.  
 

2. O isolamento tem aumentado a ansiedade de muitos quando o assunto é sair. Por que isso acontece?  

Tudo o que estamos vivendo nos últimos três meses é novo. A simples novidade e mudança em nossos planos pode provocar uma ansiedade. Alguns conseguem se livrar com psicoterapia, outros vão precisar de intervenção de fármacos ansiolíticos. Eu tenho falado nesse tempo que todos estamos sujeitos a crises dessa natureza, entretanto, aqueles que já fazem tratamento nessa área vão precisar de um cuidado especial. Esse tempo tem nos ensinado, dentre outras coisas, que somos limitados, e que, portanto, precisamos também cuidar da nossa mente.  
 

3. Como pode ser explicado o medo de sair de casa?  

Quando pensamos em retomar as nossas atividades e sair de casa, ainda existe uma insegurança. Tivemos nesse período uma avalanche esmagadora de informações sobre esse vírus, entre elas muitas fake news. Estamos ainda trabalhando no sentido de separar essas informações. Mesmo se fossem todas verdadeiras, ainda assim essa quantidade de notícias por si só é capaz de atordoar uma pessoa. Ao sair de casa, no término desse confinamento, é preciso, acima de tudo, confiar em Deus e ter a certeza de que a vida e a morte estão debaixo da sua autoridade. 
 

Acreditar na soberania de Deus é uma questão de sobrevivência hoje. Eu creio que Deus sempre esteve no comando do universo, Ele parou o mundo para falar com o homem, embora alguns não estejam compreendendo. É preciso também estar seguro e seguir todas as orientações sanitárias de proteção, como uso de máscaras, de álcool gel e sair apenas em extrema necessidade. E por fim, é preciso buscar ajuda de um profissional da saúde mental caso esteja sentindo fobia e incapacidade de lidar sozinho com essa situação. Uma simples ansiedade pode se transformar numa patologia mais séria. Busque ajuda, isso não deve ser vergonha! 

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