Será que as redes sociais substituem as interações reais?  
Meninas contam como foi a transição do real para o virtual   
Irislayne Tavares
09 de Julho de 2020

Foto: Depositphotos

 

O distanciamento social mexeu com todas as pessoas que tiveram de se afastar de suas atividades diárias como a escola, faculdade, igreja, trabalho e tudo aquilo que era compromisso para elas. Dessa forma, as redes sociais se tornaram uma opção para estar próximo de pessoas e do mundo “real”, mas será que depois de quatro meses de isolamento, elas continuam funcionando com a mesma eficácia de antes?  

Bom, já está comprovado que o acesso à internet aumentou durante a pandemia. Os dados são da Anatel, Agência Nacional de Telecomunicações. De acordo com uma pesquisa, no Brasil, esse aumento foi entre 40% e 50%.  

No início da pandemia aqui no país, a infraestrutura brasileira de internet registrou um fluxo de tráfego de 11 Tb/s em 23 de março. O valor é considerado alto e atípico: a média de terabits por segundo registrada ao longo de 2019 foi de 4,69 Tb/s.  

A sigla Tb significa terabit. O bit é a menor unidade de informação que pode ser armazenada em um sistema. Um terabit equivale a um trilhão de bits  

Para entender o que se passa na cabeça das pessoas depois de tanto tempo de isolamento, o portal Voz Wesleyana conversou com duas meninas que encontraram no Instagram —plataforma digital, onde acontece um grande número de lives —  uma válvula de escape.  

Rafaela Nepomuceno e Mariana Carcano não se conhecem, mesmo morando no mesmo município, Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. As meninas são de Jardim Primavera, e durante a pandemia encontraram um modo de estarem conectadas com várias pessoas, quase sempre ao mesmo tempo, através das lives.  

Não é segredo para ninguém que a comunicação através das redes sociais, tem se mostrado um ativo estratégico e fundamental para o sucesso de um bem ou serviço.  De acordo com a consultoria PwC, no Brasil, as lives devem gerar uma receita de US$ 43,7 bilhões em 2021 – são US$ 2,23 trilhões em todo o mundo.  

Mariana, de 20 anos, usa suas redes sociais para falar do amor de Jesus Cristo por nós, e de um tempo para cá vem dando dicas de moda; Rafaela, que também tem 20 anos, usa suas redes sociais para trabalho, já tem parceria com algumas marcas e durante o isolamento fez lives para falar de maquiagem.  

Rafaela diz que a transição do real para virtual fez com que ela tivesse um olhar mais cauteloso, mais preocupado, nas vivências do dia a dia. “Você começa a perceber coisas que antes você não tinha tempo de fazer. Acredito que o modo de pensar de todo mundo tenha mudado.”  

Para ela, as interações nas redes sociais não amenizam a saudade que ela está dos amigos durante essa pandemia. Mariana também disse que o uso das redes sociais em geral não amenizou a saudade.  

Mari, como também é conhecida pelos amigos, conta que as redes funcionaram como válvula de escape no começo, mas agora não têm o mesmo efeito de antes. “De certa forma, as minhas redes sociais se tornaram um escape, principalmente no começo da quarentena. Eu estava sempre em contato com as pessoas através de chamadas de vídeo, então ela funcionou para eu estar de uma forma diferente com as pessoas. Depois eu percebi que não é mesma coisa, no começo foi um escape e depois vi que não funcionava tão bem quanto o nosso dia a dia.”  




 

Como não se deixar desanimar?   

Uma pesquisa da OMS, em 2017, constatou que nos últimos dez anos, o número de pessoas com depressão havia aumentado em 18,4%, e esses números correspondiam a 322 milhões de indivíduos, ou 4,4% da população da Terra.   

O que chama atenção é que o Brasil atualmente é o país com mais deprimidos e ansiosos da América Latina. Em 2019, outra pesquisa mais recente apontava que o país tinha mais de 18 milhões de brasileiros com um dos transtornos; em porcentagem, 9,3 dos habitantes com problemas de saúde mental.  

“O isolamento social mexeu bastante comigo”, reconhece Rafaela. “Sou um tipo de pessoa muito comunicativa e eu preciso lidar com pessoas para me sentir bem, a comunicação faz parte da minha vida. Trocar essa minha rotina de contato com muitas pessoas por essa de fazer as coisas pela metade é muito complicado”, completa.  

Nesse mês de julho, a mestre em inteligência emocional, jornalista e coach Aline Castro foi destaque em uma live que teve como tema ‘Ansiedade em tempos de mudanças e incertezas’. Ela falou sobre a sociedade atual e explicou que estamos em um processo de transição. “Estamos numa transição de uma sociedade industrial para uma sociedade do conhecimento. Numa sociedade industrial, as coisas eram mais simples, as mudanças demoravam mais para acontecer. E na sociedade do conhecimento, essa mudança é complexa, veloz, imprevisível. Exige que a gente se reinvente muito, e isso gera muita ansiedade. Os teóricos chamam esse mundo de VUCA, uma sigla em inglês para um mundo que é volátil, incerto, complexo e ambíguo”.  

Ela falou também que é importante assumir a autorresponsabilidade. “A autorresponsabilidade é a grande chave da inteligência emocional”, conclui Aline. 

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