Foto: DIvulgação/KINDALLAS
Da Baixada Fluminense para o mundo. Rômulo Neris é um jovem cientista que se apaixonou por biologia aos 13 anos de idade, e agora, aos 27, foi selecionado para estudar a covid-19 nos Estados Unidos. Junto com ele, outros seis brasileiros receberão uma bolsa da Dimensions Sciences, organização fundada nos EUA por outra brasileira.
Doutorando em imunologia e inflamação na UFRJ, Rômulo estava desde agosto de 2019 fazendo um doutorado sanduíche — programa de estudos no qual o estudante de pós realiza parte de seu trabalho em uma universidade no exterior — na University of California Davis, estudando o arbovírus chikungunya, tema da sua tese. Agora, o jovem se prepara para estudar a fundo o novo coronavírus.
Nascido e criado em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, Neris voltou ao Brasil no final do mês passado.
A bolsa tem duração de três meses, ele vai atuar em duas frentes. Uma, a mais imediata, colocando a mão na massa e ajudando a processar testes moleculares que estão sendo feitos no Centro de Triagem Diagnóstica para a doença criado pela UFRJ. Na outra frente, o pesquisador, graduado em ciências biológicas e mestre em microbiologia pela UFRJ, vai se debruçar sobre o coronavírus em laboratório.
"Vou estudar a genética do vírus e suas mutações, mas também alterações observadas no indivíduo durante a infecção, como metabólicas e pulmonares. A ideia é entender como o vírus infecta células de diferentes tecidos e por que há quadros tão diversos e às vezes tão graves, e alguns, sem nenhum tipo de comorbidade”, explicou Rômulo Neris em entrevista à BBC Brasil.
No ensino médio de Rômulo, veio a oportunidade de fazer um curso técnico em metrologia e qualidade industrial em um turno paralelo ao da escola. "Um amigo da família recomendou este curso técnico, eu li sobre e gostei bastante porque vi que teríamos aulas diversas, de física, química, elétrica, mecânica. E o curso me ajudou muito no preparo para entrar na faculdade, porque na minha época o pré-vestibular popular não era tão comum e minha família não tinha condições de pagar um curso preparatório", conta Neris.
Ele também participou de competições, ficando entre os melhores colocados da Olimpíada Brasileira de Astronomia e da Prova Brasil em 2009. "Eu fiz uma prova de matemática organizada pelo governo estadual do Rio que premiava com um notebook os 1.000 alunos com melhores notas, e eu fiquei entre os melhores colocados. E esse notebook foi o que eu usei para estudar nos meus dois primeiros anos de faculdade."
No ano de 2018, Neris foi semifinalista do FameLab Brasil, uma competição de divulgação científica organizada pelo British Council em que cientistas precisam explicar em poucos minutos para uma plateia conceitos científicos.
Por causa do avanço da pandemia no Brasil, ele falou em uma rede social sobre medidas de prevenção contra o coronavírus e acabou viralizando.
"Sempre procurei divulgar minhas pesquisas. Quando tenho algum artigo publicado, faço alguma postagem nas minhas redes sociais resumindo o artigo de maneira simples. Mas de dois anos para cá, tenho entendido mais a divulgação científica como um dever da minha atribuição como pesquisador”, finalizou o Rômulo Neris.
(Fonte: BBC Brasil)