Estudos da vacina de Oxford são temporariamente suspensos
Decisão vem após reação adversa em voluntário no Reino Unido
Redação CPIMW
09 de Setembro de 2020

(Foto: Reuters/Dado Ruvic)

Os estudos da vacina contra o novo coronavírus que estão sendo feitos pela Universidade de Oxford em parceria com a AstraZeneca estão temporariamente suspensos, informou a empresa farmacêutica na terça-feira (8). A paralisação ocorre em decorrência de uma reação adversa sofrida por um voluntário no Reino Unido.

As testagens no Brasil também foram interrompidas, declarou a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), que, ao lado do Instituto D'Or, conduz os testes no país. Segundo o comunicado, muitos dos cinco mil voluntários brasileiros já receberam a segunda dose do imunizante "e até o momento não houve registro de intercorrências graves de saúde".

"Como parte de um teste controlado, randomizado global da vacina de coronavírus de Oxford, nosso procedimento padrão de revisão desencadeou uma pausa na vacinação para permitir a revisão de dados de segurança", diz a AstraZeneca em comunicado. "Esta é uma ação de rotina que precisa ocorrer sempre que há problema de saúde inexplicado em potencial em um dos testes, enquanto é investigado, garantindo a manutenção da integridade dos testes", completa.

Em junho, o Ministério da Saúde anunciou um acordo com Oxford para a produção inicial de 30,4 milhões de doses da vacina contra Covid-19, com investimento de US$ 127 milhões. O primeiro lote foi anunciado para dezembro e o segundo em janeiro pela Bio-Manguinhos, laboratório da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

Eduardo Pazuello, ministro interino da Saúde, declarou também na terça-feira que o governo brasileiro pretende iniciar a vacinação a partir de janeiro do ano que vem. O imunizante de Oxford é um dos nove que já estão em testes de fase 3 (avaliação de eficácia em voluntários humanos) no mundo.

Segundo o STAT, ainda não se sabe a natureza da reação adversa que teria ocorrido nem quando ela teria ocorrido. Uma fonte do jornal afirmou que a paralisação ocorre por "cautela em abundância".

Paralisações do tipo são comuns em testes clínicos, e o anúncio não significa de antemão que o teste da vacina possa ter sido comprometido. No Brasil, pelo menos 5 mil voluntários da área de saúde participam do estudo, 2 mil deles apenas no estado de São Paulo.

O secretário de saúde do Reino Unido, Matt Hancock, declarou nesta quarta-feira (9) que esta não foi a primeira vez que os testes da vacina da AstraZeneca são suspensos. "É obviamente um desafio para esse ensaio clínico específico. Não é, na verdade, a primeira vez que isso aconteceu com a vacina de Oxford", disse Hancock em uma entrevista à Sky News.

Ao ser questionado se isso implicaria em um atraso, ele afirmou que “Não necessariamente, isso depende do que eles encontrarem na investigação”.

A agência que regulamenta medicamentos no Reino Unido (MHRA) afirmou que está revisando os dados dos testes com urgência para decidir se a AstraZeneca pode retomá-los.

Há outras vacinas também sendo testadas no país. O laboratório chinês Sinovac conduz estudos sobre seu imunizante, também em fase 3, em parceria com o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo. Nesta semana, o laboratório chinês divulgou a informação de que os estudos preliminares se mostraram seguros em voluntários com mais de 60 anos, embora a resposta imunológica nesses pacientes tenha sido menor do que em adultos mais jovens.

Outras tentativas de imunização são: a da Janssen Pharmaceuticals, da Johnson & Johnson, e a da parceria entre a Pfizer e a BionTech, ambas já com autorização para testes no país.

Já o governo do Paraná espera autorização para começar os testes da vacina russa Sputnik V em até 10 mil voluntários. Segundo o governo russo, os resultados iniciais de seu imunizante foram bem-sucedidos, embora a comunidade científica esteja reticente.

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