(Foto: ERBS Jr.)
Os dados divulgados pelo Ministério da Saúde na última terça-feira (3) mostram que, dos mais de dois milhões de vacinados contra a covid-19, apenas 1.038 comunicaram reações adversas — sendo só 20 considerados graves, mas a relação com a vacina ainda precisa ser confirmada.
O consórcio de veículos de imprensa aponta que, até esta quinta-feira (5), o total de vacinados já ultrapassava 3 milhões de pessoas no Brasil.
Somente 5 em cada 10 mil pessoas vacinadas relataram algum efeito colateral após tomarem a vacina, ou 0,05%. De acordo com o Ministério da Saúde, os sintomas mais comuns foram cefaleia (dor de cabeça), febre, mialgia (dor muscular), diarreia, náusea e dor localizada.
Houve a comunicação de um evento adverso grave apenas a cada 100 mil aplicações da vacina. Esses casos, entretanto, não necessariamente estão associados à vacina: sabe-se apenas que eles ocorreram após a aplicação da primeira dose.
A vacina mais utilizada até o momento no país é a CoronaVac, o que reforça, de acordo com especialistas, o perfil de segurança das vacinas. O outro imunizante que vem sendo adotado é o da AstraZeneca/Oxford.
Mas o que é considerado um evento grave? De acordo com Renato Kfouri, infectologista e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), são aqueles que precisam de hospitalização, levam à morte ou a abortos em mulheres grávidas.
“Se a pessoa toma a vacina e é atropelada no dia seguinte, por exemplo, isso é reportado (como evento grave). Se é efeito da vacina, a investigação dirá depois. Quando você vacina milhões de pessoas, é natural que uma ou outra sofrerá um acidente ou terá um infarto no dia seguinte, três dias depois, por exemplo”, explica.
Em novembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu suspender os testes clínicos da CoronaVac após ser relatada uma morte, evento que é tratado como adverso grave. Posteriormente, foi comunicado à agência que se tratou do suicídio de um dos voluntários. Durante os testes clínicos da CoronaVac, não foi reportado nenhum evento grave associado à vacina.
Para Natalia Pasternak, microbiologista, presidente do Instituto Questão de Ciência (IQC) e colunista do jornal O Globo, os números são relevantes para aumentar a confiança da população na vacina.
“Os números iniciais são muito bons e ajudam a esclarecer para as pessoas que, em primeiro lugar, as vacinas continuam sendo avaliadas, os efeitos adversos são reportados e serão investigados. E a população se sente naturalmente mais segura ao ver que há poucos efeitos reportados”, declara.
Renato Kfouri destaca que toda vacina está sujeita a sintomas considerados clássicos, como dor no local da aplicação ou febre, uma vez que seu objetivo é exatamente gerar alguma resposta do organismo.
(Fonte: O Globo)